Nada Pode Nos Separar do Amor de Jesus:
Em um Mundo marcado pela efemeridade dos laços, pela volatilidade das emoções e pela constante ameaça da perda, a alma anseia por uma certeza, um porto seguro contra as tempestades da vida. A busca por um amor absoluto, que não se acabe com a distância, não se quebre com a falha e não se apague com a morte, é uma jornada intrínseca à nossa existência. É no desespero desta busca que a mensagem do Evangelho mostra a verdade transformadora, Livro de Romanos diz: "Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor" (Romanos 8:38-39). Esta não é uma mera mensagem, mas uma profunda mensagem profetica sobre o que nos une a Cristo.
Amor Incondicional: Jesus, o Amor que Amou Primeiro
O amor cristão reside em sua origem e em sua natureza. Diferente das concepções contraditórias humanas de o amor(humano), que frequentemente só existe em uma lógica de troca, mérito e reciprocidade, o amor de Deus em Cristo é um amor ágape: um amor que se doa sem pré-condições, que se origina na essência do Doador e não no valor do receptor. João, em sua primeira epístola, mostra esta verdade fundamental: "Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1 João 4:10).
Esta inversão é crucial.Não partiu da humanidade. Pelo contrário, foi um kénosis (filipenses 2:7), de esvaziamento divino, que desceu até nós. Deus amou primeiro. Ele amou-nos não porque éramos amáveis, mas porque Ele é amor (1 João 4:8).A prova, é o sacrifício vicário de Cristo. Como Paulo diz aos Romanos de forma contundente: "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Romanos 5:8).
O amor de Jesus não esperou nosso arrependimento. Ele não estabeleceu pré-requisitos de pureza ou de retidão para nos alcançar. Ele nos amou em nosso estado de inimizade, de alienação, de pecadores. A cruz, portanto, não é um símbolo da nossa dignidade, mas um monumento à Sua graça imensurável. É um amor que justifica o ímpio (Romanos 4:5), que acolhe o pródigo e que persiste mesmo diante da traição – como visto na Última Ceia, onde Jesus lava os pés daquele que o haveria de entregar. Compreender que somos amados de um amor que nos precede e que não depender de si mesmos, mas de um Deus é o primeiro passo para experimentar a segurança inabalável que ele oferece.
Pra Onde Irei?
A consciência da inseparabilidade do amor de Cristo está ligada à onipresença de Deus. O salmista Davi, em um dos mais belos e introspectivos textos poéticos das Escrituras, o Salmo 139, explora essa realidade com uma mistura de assombro e reverência. Ele pergunta: "Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?" (Salmo 139:7).
Esta não é a pergunta de quem se sente vigiado, mas a constatação de quem esta completamente envolvido por uma presença que é, ao mesmo tempo, soberana e paternal. Para o crente em Cristo, a onipresença de Deus não é uma ameaça, mas uma certeza. Significa que não há abismo existencial, geográfico ou emocional tão profundo que possa nos colocar fora do alcance do Seu cuidado. "Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também" (Salmo 139:8).
Paulo, em Romanos 8, ecoa essa mesma certeza. "morte, vida, anjos, principados, presente, porvir, poderes, altura, profundidade" – busca abarcar a totalidade da experiência humana.
A "altura" representa nossos momentos de maior êxito e euforia; a "profundidade", nossos vales de desespero, luto e fracasso. Em cada uma dessas realidades, e em tudo o que há entre elas, o amor de Cristo permanece como uma constante inviolável.
Quando a culpa nos assola, tendemos a nos esconder como Adão no jardim. Quando a dor nos consome, podemos sentir que Deus está distante. Quando a dúvida nos cega, questionamos a Sua presença. A pergunta "Pra onde irei?" pode surgir como um grito de angústia, um desejo de fugir da própria existência e, talvez, Daquele que a sustenta. Contudo, a resposta do Evangelho é um bálsamo: não há para onde fugir. E isso é uma boa notícia. Não há lugar onde possamos nos esconder de um amor que nos conhece por completo (Salmo 139:1-4) e que, apesar disso, nos amou até a morte, e morte de cruz. A mão que nos formou no ventre materno é a mesma que nos sustenta nas trevas mais densas (Salmo 139:10).
A segurança do cristão não repousa na força da sua própria fé ou na intensidade do seu amor por Deus, mas na tenacidade do amor de Deus por ele. É um amor que o elegeu antes da fundação do mundo, que o redimiu no tempo e que o guardará por toda a eternidade. A questão, portanto, se inverte. Não é "Para onde posso ir para escapar?", mas "Onde, senão em Ti, encontro um amor que não me abandona, que não desiste e que me assegura que, no final, tudo contribuirá para o meu bem?" (Romanos 8:28). Neste amor, encontramos não uma prisão, mas a verdadeira liberdade. A liberdade de viver, de falhar e de recomeçar, sabendo que estamos eternamente seguros nos braços do amor que nos amou primeiro.
Jesus.